domingo, 22 de maio de 2011

Carnaval abre alas ao lazer

                                                                           Divulgação
 por Jaqueline Galvão


      Alegria misturada ao samba, fantasias com brilho, arte e glamour compõe as festas carnavalescas no Brasil, embaladas na grande maioria, pelas famosas marchinhas de compositores consagrados como João Roberto Kelly e Roberto Faissal, de 1963 que segue até hoje.

“Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é
Será que ele é

Será que ele é bossa nova
Será que ele é Maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!”

      É neste cenário que em Marechal Cândido Rondon, na década de 80, foram realizados os primeiros bailes de Carnaval. A partir de então, cada ano iam surgindo novos adeptos desta festa popular.  Novos blocos se formavam e a festa ganhava repercussão regional, vários foliões de outras cidades se deslocavam a Rondon para participar do Carnaval que durava cinco dias, assim como emissoras de televisão que “cobriam” o evento, considerado por muitos como o melhor carnaval do oeste daquele tempo.
     Quem lembra muito bem desta época é o ex-vice presidente do Clube Concórdia, Victor Hugo Borgmann, 62, saudoso do tempo que viveu esta festa. “Os blocos como ‘Os Três Fazendas’ era de uma geração mais nova que a minha, eles pulavam a noite inteira e no outro dia iam jogar bola. Já a minha geração ia dormir, porque não podia faltar nenhum dia. Era uma competição. Se você se propusesse a receber os benefícios do clube você tinha que comparecer,” e acrescenta, “na primeira noite não bebia nada, ao contrário, ia à casa de um amigo, tomava um prato de sopa bem reforçado e seguia para a festa. Agora, na última noite...eu aproveitava’’.
     Já para o atual presidente do Clube Concórdia, Gilson Pacheco, 65, que foi Rei Momo nos três primeiros carnavais de Rondon, revela ser um verdadeiro apaixonado por esta festa popular e conta que ficou triste ao notar que o Carnaval perdeu suas origens iniciais. “Todo ano tinha um pré – carnaval onde era escolhida uma rainha. É uma pena que hoje não tenha mais o Carnaval com marchinhas e sambas. Sem medo de errar, posso dizer: não havia carnaval igual ao nosso... cinco noites, duas matinês...tudo regado com muita alegria. Na primeira noite, os blocos partiam para as ruas, o prefeito entregava a chave da cidade para o Rei Momo e este ficava então cinco dias comandando a cidade”. Gilson destaca que o evento era sensacional, durou mais de uma década e deixou saudade.
    A terceira rainha do Carnaval em Marechal Cândido Rondon, Sandra Regina Hoffmann, 47, descreve com entusiasmo o momento que viveu: “eu pude representar a alegria, a diversão e samba no pé. Quando você anima uma festa, contagia a todos. O carro chefe do nosso evento eram as marchinhas, pra mim carnaval sem marchinha é como macarrão sem queijo. Sempre digo: que bom que vivemos este período!”
    O Carnaval representa não só tradições e costumes de um povo, mas também retrata a vida na sua simplicidade. Ë uma época que cada um escolhe como quer aproveitar, se vai cair na folia ou viajar, se vai descansar ou passear. Valdecir Vitalli, 47, trouxe a família para conhecer um dos pontos turísticos da cidade: vim para a prainha de Porto Mendes para descansar, sair da rotina. Assim como ele milhares de pessoas aproveitam este feriado ao ar livre para curtir a família, passear com os amigos ou simplesmente aliviar o stress do dia a dia.
      Há muitos jovens que gostam da festa brasileira mais popular do país, como também tem aqueles que não curtem a folia.  As acadêmicas do curso de Pedagogia da Faculdade Sul Brasil – Fasul, Amanda Moreira, 19, Jeiza Miller, 24, Claudenice Oro, 28, e Daiane Probst, 17, gostam do feriado, mas não freqüentam as festas carnavalescas por não haver atrações que despertam o interesse para participar. “O carnaval nada mais é do que a expansão da cultura do povo de cada estado brasileiro, principalmente das regiões sudeste e nordeste. Nesta época procuram expressar seus costumes através da dança, aqui, em grande parte da região sul esta tradição se perdeu. Acredito que deveria ser resgatado este hábito por meio do ensino nas escolas,” enfatiza Daiane.
     As atuais festas carnavalescas, na região oeste, perderam suas origens iniciais. Talvez por não haver uma identidade cultural definida para manter esta tradição. Hoje, à mistura de todos os ritmos, principalmente do sertanejo universitário. Para a acadêmica de Administração da Faculdade Luterana Rui Barbosa - Falurb, Juliana Maria Brancher, 24, o que a atrai é a animação da festa. “Os jovens de hoje preferem o carnaval que tem nas prainhas, com música eletrônica e sertaneja”.
     0Em Marechal Cândido Rondon a alegria do carnaval ao som das marchinhas terminou. Hoje, muitos jovens e universitários se concentram nas prainhas da região e participam de festas ao estilo universitário. As marchinhas e sambas ficaram na lembrança daqueles que participaram do Carnaval da década de 80.