segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Angolana participa dos Jogos Abertos e diz ter impressão positiva do povo brasileiro

Por Patrícia Schulz


Equipe mostra que além de jogar juntas, a amizade delas demonstra que todas juntas formam um espírito de família.

 O ginásio já contava com vários torcedores esperando o jogo entre Itaperuçu – cidade da região metropolitana de Curitiba, e Londrina - norte do Paraná. Foi nos momentos que antecederam este jogo que tive a oportunidade de conversar com mais uma atleta.  Os olhos da jogadora de vôlei Ana Maria de Almeida Troso, que é natural de Angola e está participando dos 54° Jogos Abertos do Paraná, em Toledo, começaram a brilhar um pouco mais, e não demorou muito para cair uma lágrima. E ela falou: “Estou dividida, amei vir para o Brasil, mas agora já estou me formando na faculdade e voltando para meu país, meu coração está doendo”.

Ana Maria veio para o Brasil estudar jornalismo há quatro anos e no início deste procurou a equipe de Itaperuçu, que tem sua sede de treinamentos na cidade de Curitiba. Segundo o técnico André Miranda, desde o início dos treinamentos, a atleta mostrou muita força de vontade. “É impressionante ver o anseio que ela tem de aprender”.

Colega de equipe e amiga


Ana passa a impressão de ser alegre, amiga, companheira e muito carismática. Segundo a colega de equipe Tatiana Moreira, as qualidades da amiga Angolana são muitas. “Ana é uma pessoa muito legal, animada, carinhosa com o grupo, sempre brincando e animando o pessoal”.

Meninas da equipe de Itaperuçu se preparam para entrar em quadra

Durante os jogos a companheira Tatiana diz que Ana é bastante esforçada e que joga bem. Tatiana comenta que a equipe de Itaperuçu já estava formada quando Ana chegou, e que ela treinou bastante e está jogando muito bem. “Ana teve facilidade em se integrar com nossa equipe, tanto na quadra como fora”.

Culturas diferentes


Angola é um país que tem características bem diferentes do Brasil, as pessoas lá são próximas uma das outras, não existe espaço para o individualismo. De acordo com André Miranda, essa cultura de espírito de família esteve sempre com Ana, “desde o primeiro contato com Ana, percebemos que ela busca fazer o melhor para o grupo, se adaptando ao ambiente e às pessoas de forma muito fácil”.
Sobre o Brasil, a angolana tece elogios. “Desde criança escuto: brasileiro é samba, futebol e prostituição”. Ela diz, porém, que após ter conhecido o Brasil, ela não vê mais isso. “É claro que tem prostituição, carnaval e samba, mas existem também pessoas de coração que se preocupam com família. A nossa própria equipe é uma família”.

Ao conversar com pessoas que não conhecem o Brasil, Ana diz que sempre defende o país quando alguém o critica colocando apenas esses estereótipos. E essa defesa não é de alguém que apenas ouviu falar algo a respeito do país e sim de alguém que conheceu o Brasil de perto.

Ideologia de vida


O técnico fala que a atleta no momento se preocupa muito com a equipe de vôlei e que o objetivo dela é voltar para Angola e ensinar tudo que aprendeu para seus conterrâneos. “Ela não é individualista, o aprendizado não fica com ela, ela passa tudo”. Ele acrescenta que isso vem da cultura angolana e finaliza dizendo que o povo angolano tem muita vontade de ensinar tudo que aprende. “Isso é da cultura dela, proliferar o bem, ela é filantrópica”.

André Miranda momentos antes de dirigir a equipe em mais um jogo no JAP´s

A jogadora Flavia Wiedmer revela que apesar de o técnico não ter citado nada a respeito dele, ele já é um grande exemplo para todo o grupo de Itaperuçu. “São 15 anos que ele está à frente da equipe sem receber nada. O trabalho que ele faz conosco é por puro amor ao vôlei”.

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